ví·ci·o (latim vitium, -ii) nome masculino 1. Defeito ou imperfeição. 2. Prática frequente de acto considerado pecaminoso. 3. Tendência para contrariar a moral estabelecida. 4. Hábito inveterado. = MANIA 5. Dependência do consumo de uma substância (ex.: vício do álcool). 6. Erro de ofício. 7. Erro habitual no uso da língua. 8. Mau hábito ou costume que as bestas adquirem. | ex·ces·so |eis| ou |es| nome masculino 1. Diferença para mais; demasia; sobejo. 2. O que ultrapassa o legal, o habitual. 3. Desregramento; desmando. 4. Falta de moderação. 5. Cúmulo; grau elevado. |
Excessos e vícios.
Somos excessos e vícios. Os nossos pais, coitados, já o eram antes de nós.
A natureza conhece o vício.
O mundo dá as suas voltas – vê o sol umas quantas vezes, noutras vira-lhe a nuca – mas vai navegando, reverente a uma órbita soberana.
As trutas voltam ao lugar onde nasceram para pôr os ovos.
As tartarugas eclodem nas praias – inscientes de órbitas ou trutas (diga-se de passagem) – e desenterram-se e correm, num esforço titânico, em busca do mar.
A relva dorme, quando o frio queima, quando o calor seca. Adormece tão contente – ciente do bom tempo que aí vem – que, por vezes, morre no sono.
O vício é viver; cego às exigências.
A natureza não conhece o excesso.
É uma palavra estranha que nunca ouviu, nem sequer gosta dela, traz-lhe um trago sufocante à boca.
Vem em sussurros, nas gotículas de saliva; tímido nos jeitos, mas voraz de apetite.
É mutável, ilógico, obsceno, herege, profano, carnal, erótico, corrupto, devasso.
O excesso é querer viver; encobrir as exigências.
O vício é natureza.
- natura (latim): curso das coisas; carácter natural, nascimento;
- *gene- (PIE): dar à luz, gerar.
O excesso é humano.
- humain, umain (Francês antigo): de ou pertencente ao homem;
- humanus (latim): do homem;
- *(dh)ghomon- (PIE): ser terreno (de *dhghem– “terra”)
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