xiv

Platão diz-nos que há dois domínios:

  • Domínio do Ser – composto pelas coisas perfeitas e imutáveis. As Formas ou Ideias são perfeitas, eternas, a «real realidade», entidades que não se regem pelas leis de espaço-tempo;
  • Domínio do Devir – mundo que os sentidos nos oferecem, das coisas imperfeitas e temporárias, sempre em mudança – “cópias” imperfeitas das Ideias ou Formas.

Os nossos intelectos finitos e poderes ilusórios de percepção, não nos permitem inferir a existência desta “real realidade”. Há, no entanto, uma porta discreta – a educação.

Platão conta-nos das nossas almas imortais. Estas, nos estados incorpóreos que antecedem os corpos e a vida mortal, habitam no Domínio do Ser. As nossas almas, assim, tudo sabem.

Ao entrar nos corpos, no entanto, de tudo se esquecem.
A educação é o processo que permite, às nossas almas, recordar o que sabiam, antes das limitações da carne – Anamnese.

Anamnese
Do grego Anamnesis
Ana = “para trás”
mimneskesthai = “recordar, fazer lembrar”

Independentemente das limitações – ou implicações – de uma teoria destas, há algo que aprecio: a noção ou propensão de que o conhecimento é limitado somente pela procura, e não por noções falaciosas de capacidade.

Esta teoria é demonstrada em Ménon, com o exemplo de um jovem escravo de quem Sócrates consegue extrair uma demonstração geométrica, fazendo-o «recordar».

É óbvio que Sócrates direcciona as perguntas de modo a induzi-lo à demonstração mas, ainda assim, mais do que o exemplo, é na ideia subjacente que vejo a importância:

  • A ignorância é um estado, não uma característica | A educação é universal, desde que facultados os caminhos para o ser.

O exemplo disso é o próprio Platão;
A República junta o seu pensamento e teorias num sistema que permite uma aplicação tanto num bom indivíduo como num bom Estado (já que a tese inicial da obra é a de uma sociedade ideal) – um feito que, para muitos, seria justificação para uma merecida reforma.
Mas não para Platão.
Nos anos que se sucederam, ele continou a desenvolver o seu pensamento, acabando mesmo por pôr em causa as suas próprias ideias.

Imagine-se fazer isso hoje.

(mais sobre o tema aqui para quem tiver curiosidade)

Esta retratação perfeita foi retirada daqui.


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Uma resposta a “xiv”

  1. […] já falei antes (ver xiv), Platão defendia dois […]

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