Vícios e virtudes.
Ora portanto, para atingir a eudemonia, um ser humano tem de “fazer bem” o seu trabalho enquanto ser humano, ou seja, viver e actuar de acordo com a sua virtude (ver xvi).
Aristóteles – não sendo um homem de deixar um trabalho a meio – oferece-nos o que é a sua visão sobre a virtude.
Ele defini-a como o meio-termo entre dois extremos ou, dois vícios (Doutrina do Meio-Termo ou The Golden Mean) – sendo um o excesso e o outro o défice.
EXEMPLOS:
Se olharmos para a coragem (virtude), em excesso torna-se imprudência e, quando em défice, em covardia.
O homem com respeito próprio (virtude), não é excessivamente orgulhoso nem, no outro extremo, excessivamente modesto.
O gentil (virtude), é aquele que se equilibra entre a indiferença e o exagero emocional.
Estas virtudes, no entanto, não são estáticas, não se aplicam a todas as situações do mesmo modo – muito pelo contrário, é o contexto que vai equilibrar onde está a virtude.
Por exemplo, apesar da gentileza ser virtuosa, não é uma virtude ficar calmo perante uma injustiça – pois, perante uma injustiça, a situação pode justificar a ira ou raiva.
Essa, no entanto, terá de ser da maneira adequada, na medida adequada e pela razão adequada – só assim é virtuosa.
Como é que nós sabemos o que é virtuoso?
Como é que aprendemos a agir do modo correcto?
Segundo Aristóteles, essa capacidade tem de ser adquirida através de bons hábitos na infância e ao longo do crescimento, para se chegar à phronesis (sabedoria prática).
Phronesis Do grego phronein = “pensar” Do grego -sis = sufixo que denota “acção” |
Ou seja, é através da educação e do desenvolvimento da capacidade de gerir e governar as nossas emoções, que chegamos à phronesis – a aptidão para discernir e fazer bons julgamentos sobre qual a acção correcta numa dada situação.
Não sei a origem do provérbio, mas não deixa de ser curioso que tenhamos, em português, a expressão “No meio está a virtude.“
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