Hoje não há moscas. Talvez nunca tenha havido. O que é a realidade mais do que a minha percepção?
Vejo o presente no momento em que ele chega – que é o mesmo momento em que ele parte.
Talvez não parta.
O presente nunca acaba, só se transfigura no momento seguinte.
Há mais do que o presente. Pelo menos, a percepção diz-me que há o que houve, e o que haverá.
E a percepção é tão capaz, tão competente, que molda-me com o que me mostra.
Posso conjecturar que os dogmas que tomo; os meus valores; as virtudes, pesos e raivas que perduram em mim; nada mais são do que meros produtos da percepção. O indivíduo que sou é construído com base naquilo que os sentidos me contam.
Mas o que me diz que as mãos sabem no que tocam?
Que os olhos vêm o que existe?
Que o sabor que sinto, é o sabor do que provo?
São círculos.
Crenças circulares – que se iniciam num impulso violento, e se mantêm pela inércia do conforto que nos assola na ternura da lareira.
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