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longitudes. (VI)


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I

A vida é de uma severa fragilidade –
Toda e cada uma.
Mas estendo a visão para lá, para os meus belos prados,
Onde a ciência dança para mim, ao som das dialéticas e sintéticas
Formas que o mundo personifica.

Quero ver esse bem maior onde se espelha o real;
Quero sentir a pele frouxa, plasticina sobre opinião;
Quero amar profuso, esses conceitos que nos governam, que nos dá a razão.

Mas e se o meu amor for porco?
E se não choro porque as lágrimas são rios que desaguam,
Não nos meus olhos – esses costumes oceanos –
Mas nos recantos das minhas perguntas,
Onde secam quando me deito,
Desidratam quando me ergo,
E o ciclo repete-se?

O concreto será talvez, somente e exíguo,
Uma questão de crença – um crente resigno.


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II

Na areia, sento-me.
A água pinta-me os pés.
Deliro com pequenos peixes que me ignoram, mas eu aceno-lhes, consciente.
Eles não respondem. Não entendem comunicação, o significado dos gestos.

De resto, está vazio o mundo.
Há o mar, a areia, os peixes, eu –
Mas evidencia mais a ausência do que preenche,
Um átomo que se mantém juvenil.

A maré está a encher.
A água toca-me na pele seca, em ascensão,
Hidrata e submerge nos seus dedos, os meus.
E é quente, o seu toque, um amar latente, que me embala, sereno.

Como um lençol materno, sempre mais terno e complacente,
A água recobre todo o meu corpo.
Abro os olhos para a areia, que se estende, se prolonga ao infinito.
Fecho os olhos e aguardo: não demora, os meus pulmões encher-se-ão de água.


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