cxlv

longitudes. (XVI)


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I

Tenho sono;
Os olhos pesam-me como sementes no solo.
Querem cobrir-se de terra e germinar,
No silêncio da ausência,
Onde a vida vem morrer;
Erguer apenas quando o sol chamar.

Tenho sono; não tenho muito mais.
Conforme adormeço é o meu único desejo adormecer,
Nestes braços que me embarcam; nestes braços que,
Sem embaraços ou um sem-fim de moedas de troca,
Me transportam pelo mar calmo e sossegado.

Tenho sono; nada mais.

II

Rasga-me a pele;
Já e tarde para fazer nascer daqui um homem
E eu não sou ninguém.

Sou estéril e vou morrer;
As palavras são os meus únicos filhos e,
No esforço de nascer, nascem todos prematuros.

Já gritei tão alto, queria que se ouvisse:
O meu antecipar do fim do mundo.
Agora sussurro, estou calmamente a aguardar
Que os mares se encham;
Que os homens morram submersos.

Tenho sono; é tudo o que tenho.


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