Mil Homens
literatura. música. arte digital.
longitudes. (XX)

ANTE
O acinzentar dos dias, o pincelar.
O mundo que se recolhe, num sereno anunciar
Que vai morrer para, depois, retornar.
O diabo, tenho-o nos dedos.
Já o mundo só conhece o Bem,
A beleza da ordem e da desordem.
Fui eu quem nasceu equivocado.
Os olhos postos num universo
Que, sincero, nunca reparou em mim.
A imensidão de um mundo.
E eu, perplexo, na fronteira gradeada,
A aguardar com o ingresso na mão.

POST
Nada tenho de clássico e a natureza,
A que há em mim, é um vestígio suprimido
Que estendeu a mão para o passado
E nada lá encontrou.
Sou um novo ser, uma nova conceção.
Sou o que germina da morte,
Do fim do indivíduo cuja carne é compostor,
E dela nasço e depois me ausento.
O orgasmo e a doença, o amor e a violência,
São fatores evolutivos concorrentes,
As linhas divinas de código
Que recebo, e registo, e analiso.
Devagar, vou ascendendo.
A mão, já só a estendo
Para as páginas do livro onde discuto,
Calmamente, a extinção da humanidade.
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